CECÍLIA MEIRELES
Ah, Cecília:
tu divina,
ariana aeronauta
e eu terráqueo,
cavaleiro lemuriano!
- “Libérrima e exata”[1]
flamejas em Bandeira!
Depois de vencida
minha passagem
aqui na terra,
espero alcançar
da tua alma a luz,
que ultrapassa o mar,
a primavera, o silêncio
e quase o infinito.
Ah, Cecília:
tu divina,
ariana aeronauta
e eu terráqueo,
cavaleiro lemuriano!
Não encontro
na face do mundo
porta mais larga
que teus olhos...
E o mar com tantos mistérios
torna-se exíguo,
diante dos Noturnos da Holanda.
Ah, Cecília:
tu divina,
ariana aeronauta
e eu terráqueo,
cavaleiro lemuriano!
Em bruma esculpida,
sem aresta,
revolta ou cascão...
Ensina-me
o exercício do desprendimento,
pois , como vês,
sou cavaleiro,
preso ao chão.
Ah, Cecília:
tu divina,
ariana aeronauta
e eu terráqueo,
cavaleiro lemuriano!
Guardo
o secreto segredo
de um dia te encontrar:
se permitir
a tua compaixão
em me esperar,
sem avançar.
Ah, Cecília:
tu divina,
ariana aeronauta
e eu terráqueo,
cavaleiro lemuriano:
aprisionado e impreciso.
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