Antônio dos Mares
O Rabudo noticiou:
Infesta um aventureiro que se apelida por Antonio dos Mares!
....A cabeça degolada não ceifou um destino, mas caiu nas mãos de um menino, que por louco o diagnosticou...
A pena de Nina Rodrigues encerrava o que Deus só começou...
Ah, que horror!!!! Antônio Conselheiro, extraterrestre, um estrangeiro, transpassado pela cruz e pela espada, renascido pela dor.
Pisciano, na carta da morte: 13, no Tarô!
Vem de longe seu mistério esquisito: um fracassado a guiar desvalidos!
E vem de longe a triste república nascida do grito de um homem só!
Brasilis: crepúsculo da desigualdade moral, social, au au, miau! Que dó!
Fraternidade alheia, canto de sereia...Uns baleias, outros piabas na areia!!!!!
Tão cedo, Conselheiro, perdestes a tua mãe
e tua amada, pelo adultério, maculou teu orgulho viril:
mas todo homem , um dia, encontra sua Eva pelo caminho...
O lótus nasce da lama e de um homem mufino
nascia o peregrino, vestido de mar, cercado de colinas...
Triste Conselheiro também foi professor,
advogado e aventureiro sob as ordens do Senhor!
Ah, Cosme de Farias! Já não há mais homens que sejam o mesmo de noite e de dia!
Jesus foi para o deserto preparar-se para a traição
e os Canários eram urubus vigiando a guarnição...
Pacto com os republicanos: revoada de poeira, terra seca, sangue e destruição...
Conselheiro não tinha nada, mas ofertava a sua vida em oblação!
Quem tem sede pede água e quem tem fome pede pão!
E a manhã alvissareira ainda não saiu do ventre da nossa nação:
Canudos não se rendeu, a igreja e o cemitério estão em emersão,
mas hoje nós temos conselheristas, que já não põem a sua vida
a serviço de uma grande missão.
E a miséria permanece, uma eterna ferida,
na cruel desigualdade da unidade partida.
E sob as águas, no cemitério,
a alma de Antônio Conselheiro
se veste de carpideira e murmura:
Vem de longe a tristeza esculpida nos teus olhos
e a melancolia é a ausência de si em ti...
A barragem foi posta no rio e vazio andas a caminhar...
Teu desejo permanece aquartelado,
pois estás sempre a olhar de lado,
buscando réstias e cantos de sabiá...
Mas o tempo só volta na memória fria
e a tua primeira face não se refrata nos espelhos
do que te quiseram, ou fizeram,
ou você deixou levar...
Olhos para os teus olhos
e vejo desejos silenciados pela diplomacia,
que nos permite viver,
mas às vezes, cobertos de neve fria!
E o clarão que descortina as manhãs,
adormece no teu sorriso,
quase um bosque, em fim de estação.
Os ventos lhe mostram o Norte
mas o medo lhe conduz para o Sul;
As flores se vestem de arco-íris,
mas você só gosta de azul...
Um açude pode cobrir uma cidade,
mas não apaga a dignidade
daqueles que pela vida continuam a lutar!
E dentro das tuas águas represadas,
ainda se vê fontes encantadas
e tesouros eu sei há!
22 de Setembro de 2013: 116 anos da partida do "profeta"! Conselheiro vive! E parabéns pelo poema, meu caro! Muito bom! Um abraço ... e inspiração sempre!
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