sábado

Exéquias da auarora


Ouvia-se, pela madrugada,
o pranto das carpideiras.
- Exéquias da aurora magoada!
De orvalho a lágrimas,
por certo, enganada...
...Não basta, só nascer!
Ah, murcho lábio rubicundo,
tão pouco provastes do mundo!
E eu, já no ocaso, corcundo,
acho lindo os furos no sapato.

Jornada amarga



Quando a tempestade anuncia a limpeza,
as lágrimas trazem a tristeza de uma noite sem fim...
Nas rugas da felicidade, estão as rotas cruas:
estradas nuas, desérticas, cordilheiras de ilusão...

E os ventos mudos, na vaga espera do florir,
levam ao fim do mundo os murmúrios da minha esperança,
corroídos pelas traças, já quase sem graça!

Tornei-me  estátua de cimento, infenso ao vento , ao olhar...
Rugas, capas, demãos de silêncio...
Esculpida por um sonho que a navalha faz definhar.

Carlota


As Quatro Estações réquiem seria,
na ausência da tua alegria,
nestas horas sem sal e tão frias...
Lasso tempo, silêncio largo e pétreo,
que deixam no peito emoções descabidas...
Mais além, a esperança tece, com a linha do horizonte,
as tuas brancas vestes para o baile celestial!
Ficam, em nós, o matiz, o irisado, o nácar
da tua eterna presença, nas pinceladas de um dia infinito,
 que nunca morre, nascido do teu sorriso.

Augusto



Vestem-se de luto os raios de um corpo brilhante,
desfigurado, nas curvas estreitas da vida.
Cobrem-se de pranto o ritmo, o movimento, o manto...
E toda beleza antrópica esmaece, cochila e adormece.
Despe-se a esperança diante de lança tão  feroz
a separar os caminhos da trança:
nascer, viver e morrer! Às vezes, sem voz!